terça-feira, 18 de março de 2008

Radiohead How To Disappear Completely (perfect audio)

É sabido por todos que interpretar poesia,musica ou qualquer outra forma de arte é algo subjetivo.Cada pessoa tem sua experiencia,sua forma de ver e sentir o mundo e a suposta realidade em que vivemos.Não ha verdade absoluta,apenas ideias que ainda não foram refutadas.Quero falar de "How to disappear completely".Pra mim trata-se de mais uma letra sobre morte,embora aqui seja uma recusa(de alguem subvertido pelo materialismo inveterado)e não sobre a liberdade suposta que lhe atribuem.Vejamos:



That there /That's not me /I go Where I please /I walk through walls /I float down the Liffey
I'm not here /This isn't happening/ I'm not here /I'm not here
Aquele ali,aquele não sou eu.
Eu vou onde me agradar/Eu atravesso paredes/Eu flutuo abaixo do Liffey/Eu não estou aqui/Isso não está acontecendo/Eu não estou aqui
(*Liffey é um rio irlandes que nasce perto de Kippure, uma montanha no condado de Wicklow, e percorre cerca de 125 km pelos condados de Wicklow, Kildare e Dublin antes de desaguar no Mar da Irlanda.)
Mostra-me aqui uma pessoa egocentrica que refuta a ideia de estar vivenciando sua experiência de morte,por se achar superior a ela,ou a tudo que se refere as coisas mundanas.Alguem que se põe sempre acima das pessoas e dos percalços sejam eles quais forem.Afinal de contas,"eu atravesso paredes,vou aonde quero",etc...ou seja,tudo depende da minha existencia,não posso estar morrendo.Recuso admitir o tenue fio que sustenta minha vida.



In a little while /I'll be gone /The moment's already passed/ Yeah it's gone /And I'm not here This isn't happening/I'm not here
Num momento/Eu terei partido/O momento já passou/Sim, já passou/E eu não estou aqui
Isso não está acontecendo.....
Apenas um pesadelo,não pode estar acontecendo.Ja vai passar,um momento e estarei acordado,livre desse sonho insano.Muitas vezes nos recusamos a acreditar em coisas que sentimos,vivemos,observamos.Principalmente quando é algo ruim.Vã tentativa de afastar com nossas mãos tremulas de insegurança tudo aquilo que não nos agrada.



Strobe lights and blown speakers /Fireworks and hurricanes /I'm not here /
This isn't happening /I'm not here
Luzes de estroboscópios e auto-falantes soprados/Fogos de artifício e furacões/Eu não estou aqui/Isso não está acontecendo/Eu não estou aqui(*estroboscopio : Sistema indicador por meio do qual um objeto em rotação pode ser mostrado aparentemente estacionário, iluminando-o com uma luz em uma certa freqüência.)
Você começa ter visões alucinadas no seu estagio final.E continua a mentir pra si mesmo : "isso não esta acontecendo".
Essa letra,como todas outras,podem(e graças a Deus devem)ter sua variadas interpretações.Essa foi uma que imaginei,num momento de semi lucidez(ou sera semi embriaguez?).Aquele estagio entre o estar dormindo e quase acordado.Deu nisso.

4 comentários:

Sasqua disse...

“...há apenas idéias que ainda não foram refutadas”. Eis uma idéia pertinente. A subjetividade das representações que cada pessoa faz daquilo que experiência durante sua existência é um conceito fundamental para a boa convivência humana. Mas é preciso ter cuidado para não relativizar aquilo que não pode nem deve ser. A realidade está além de subjetivismos (se é que tal palavra existe). Ela é concreta, física, material. Como o próprio Danilo disse, o universo continua aí, funcionando, independente da morte de Arthur C. Clarke ou de qualquer outro ser vivo que tenha encerrado sua existência naquele dia, ou outro dia qualquer. Verdades absolutas certamente não existem. Mas a realidade está muito longe de ser apenas “suposta”.
Indo ao que de fato interessa, gostaria de expor aqui minha leitura da música citada. Como dizem que disse o Vicente Mateus, eu ‘disconcordo’ de você em alguns pontos. Na minha leitura, não se trata de falar de alguém que recusa experimentar a morte por se achar acima de questões mundanas, ou seja, egocêntrica, como você disse. No meu ver, trata-se do caso quase oposto. Uma pessoa que tem ciência da inevitabilidade dos fatos e que se alterna entre negação e aceitação. Vejamos.

Em primeiro lugar chamo a atenção para um verso que eu traduziria de forma diferente de você. “I float down the Liffey” significa, no meu entender, “eu flutuo ao longo do Liffey” ou ainda, numa tradução não literal, “eu navego o Liffey abaixo”, e não “eu flutuo abaixo do liffley”, que daria a impressão do cara estar embaixo da água. Dito isso o trecho ficaria da seguinte forma:
“Aquele ali/ aquele não sou eu” – refere-se ao próprio corpo, deitado, inerte. Significa “aquele monte de carne ali não sou eu”. “eu vou onde me agradar/ eu atravesso paredes/ eu navego o Liffey abaixo”. Neste trecho, me parece que ele está justamente fazendo aquilo que você disse que ele nega: se entregando àquela sensação de liberdade que se costuma atribuir a tal experiência. Agora que ele está livre das barreiras físicas, do seu corpo doente que o prendia em lugares desagradáveis, ele finalmente está livre, para ir onde quiser.

O que se vê na sequência é a negação, a resistência. A negação da morte, as dúvidas, o medo.
” Im not here /This isn't happening/ I'm not here /I'm not here”.
Os trechos seguintes continuam com essa alternância:
In a little while /I'll be gone /The moment's already passed/ Yeah it's gone /And I'm not here This isn't happening/I'm not here
Num breve instante/ eu terei partido/ O momento já passou/ Sim isso já passou/ e eu não estou aqui/isso não está acontecendo/ eu não estou aqui.
Na minha leitura, quando ele se refere ao fato de que “o momento já passou”, ele está sendo ambíguo, se referindo à sua própria vida, e também àquele instante específico.
Ou pode ser que nós dois estejamos viajando forte. Talvez ele nem se refira à morte. Esteja apenas narrando alguma viajem de LSD ou algum outro ácido. Estrobocópios e coisas do gênero. É possível que ele não se refira a alucinações que ocorrem no momento da morte, mas às alucinações durante sua viagem pelo país das maravilhas....

Sasqua disse...

Vale ressaltar que eu não sou lá muito fã de Radiohead, o que não me impede de apreciar e/ou discutir as idéias de York e cia.
Em se tratando de cabeças, aliás, prefiro o motor ao rádio.

Debil Mental disse...

A realidade existe independente de nossas observações...

Debil Mental disse...

O subjetivismo existe e é uma ideia um tanto perigosa,visto q se sua opiniao é inflexivel como verdade para si mesmo,julgara outras pessoas baseando-se nelas.....
A verdade é uma interpretação mental da realidade transmitida pelos sentidos, confirmada por outros seres humanos com cérebros normais e despidos de preconceitos(desejo de crer que algo seja verdade),e confirmada por equações matemáticas e lingüísticas formando um modelo capaz de prever acontecimentos futuros diante das mesmas coordenadas.Quando digo "suposta" realidade,refiro me ao modo como a vemos...A ilusão quando existente, é real e verdadeira em si mesma. Ela não nega sua natureza. Ela diz sim a si mesma. Torna-se realidade interna ao ser, seu mundo das idéias.
Sobre a letra,comoeu estava com sono e quis escrever a primeira coisa q me veio a cabeça,pensei da forma como escrevi.....mas acho q a ideia do acido ta massa! huahauhau